Eu me senti até egoísta em meus relatos supersticiosos após conversar com meu irmão nesse sábado. Desde que essa dita crise se instaurou, bagunçou legal nossas exportações, meu irmão arregassou as mangas, mandou motorista embora, e sentou em um de nossos caminhões pra cair na estrada. A vida nela não é fácil não. A gente até tem essa idéia, mas nunca conseguiremos imaginar o real. Ele descreveu os acidentes dos quais escapou só essa semana. As BR´s e seus perigos aos motoristas tão noticiados, e que são ainda piores para quem tá lá, inserido nessa realidade. Mas, o motivo de eu vir até aqui, foi pensar nele, com aquele sorrisão aberto, sempre alegre. A gente esteve junto no sábado, lá no sítio, envolvido com os preparativos do aniversário do Enzo. Todo mundo já tinha refugado a limpeza da caixa d´água... ele estava lá pronto para ajudar, apesar de ter acabado de chegar depois de uma semana num batidão louco e cruel. Eu queria que ele estivesse ficado lá com a gente, mas o dever e as responsabilidades o chamavam, e domingo pé na estrada de novo.
O que mais me emocionou foi quando ele descreveu o acidente de um amigo que viajava com ele na madrugada dessa mesma sexta. Numa região de curvas, sumiu-lhe o companheiro do retrovisor. Reduziu, em seguida parou, tudo com a adrenalina a mil, afinal eram 03:00 da madrugada. Nada. Voltou, já na primeira curva avistou o chão forrado de alho, era a carga do amigo. Não tinha ninguém, quase nada passava por ali no momento, chama resgate, bora se enveredar no mato a procura de saber o que aconteceu, se ele estava lá, se estava bem. Sem luz, em meio o mato, confessou ter sentido medo, mas não podia deixar de enfrentar, de procurar. Ouviu seus gritos, chegou próximo a cabine, perguntou como ele estava, com um nó na garganta e uma impotência desproporcional, tentava forçar as ferragens pára encontrar o amigo e lhe aliviar a dor. Tava tudo muito escuro, ele conversava sem parar, para mantê-lo acordado, enquanto isso se certificava da real situação. A essa altura chegou ajuda. Uma lanterna. Não conseguia enxergá-lo por total. Forçou o console para encontrar a perna. Depois o volante para descobrir uma mão. Mas o amigo ainda gemia de dor, descrita como a pressão que recebia na cabeça e em uma das mãos. Conseguiu ver que a cabeça estava presa numa caixa que ficava ao lado esquerdo do volante. Pressionou no despero de lhe minimizar a dor e obteve sucesso. Não conseguiu lhe tirar, mas diminuir a pressão sobre sua cabeça. Nada mais podia ser feito. Só mesmo aguardar o resgate. Qualquer outra ação podia piorar a situação. Quarenta minutos se passaram até a chegada do resgate, que mais pareceram uma eternidade. Rapidamente realizaram o salvamento. A mão que ele não sentia mais, estava pressionada por uma barra de ferro. Ao final, ele olhou o amigo na maca, que chorava como criança a lhe pedir pra seguir com ele ao hospital. De um lado uma carga atrasada, do outro um amigo em trauma. O seguiu. Por sorte, sofreu somente arranhões, saiu 2 horas depois de dar entrada no hospital, de corpo são e alma fragilizada, para ganhar as pistas novamente. Meu irmão? As pernas ainda lhe tremiam, mas no destino, lhe esperavam. Seguiu em frente com toda aquela carga de adrenalina. Só mais um dia. Só mais uma viagem. Com final feliz, amém. Assim, ele segue. E o sorrisão? Aquele do sábado a tarde!
3 comentários:
Aiiiiiii Lê!!! Que história amiga!!! O Eder tem o DNA da família de vcs mesmo... Além do sorrisão no rosto, tem a alma e o corpo todo repleto de uma energia tão boa, que quem não conhece, dúvida quando falamos!
São essas coisas que nos fazem acreditar que realmente Deus Existe!!!
Lê, que história heim amiga, arrepia só de imaginar mas é a pura realidade Deus abençoe TODOS os motoristas... Sempre que estou perto de uma rodovia, tb qdo está chovendo peço a Deus p/ iluminar todos os motoristas, bjos
Esse blog é muito luxoooooooo!!!
Amiga, amei a visita aqui em casa ontem!!! Temos que marcar more and more veeeeeezes!!! E viva a salton moscatel!!!
Tem recadinho no blog pra ti xuxu!!!
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